quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Origem do ECO

Eco era uma das Orréades, as ninfas das montanhas, e adorava sua própria voz. Como Zeus adorava estar entre as belas ninfas, visitava-as com grande freqüência. Suspeitando dessas ausências do esposo, Hera veio à terra a fim de flagrá-lo com suas amantes.
Sendo a prolixa Eco a única do grupo que não divertia-se com Zeus,intentou salvar suas amigas, falando com Hera ininterruptamente, de forma a possibilitar que o deus e as outras ninfas escapassem. Finalmente a deusa conseguiu livrar-se dela e, chegando ao campo onde os amantes estavam, encontrou-o deserto. Percebendo que tinha sido lograda, resolveu castigá-la. Ela não teria mais o poder de iniciar uma conversa,apenas de ter a última palavra.


Versão de Ovídio

Zeus havia usado do dom da fala de Eco para distrair a esposa, a fim de continuar seu adultério. Hera logo descobriu o ardil e condenou-a a para sempre repetir apenas as últimas palavras das frases que os outros diziam (ecolalia). A ninfa perdia assim seu mais precioso dom, aquilo que mais amava.
Enquanto vagava em seu sofrimento, noutra parte havia um homem chamado Narciso. Era ele tão belo que mulheres e homens ao verem-no logo se apaixonavam. Mas Narciso, que parecia não ter coração, não correspondia a ninguém.
Certo dia, vagando Eco pelos bosques, encontrou o belo mancebo por quem, claro, caiu de amores. Como não podia falar-lhe, limitou-se a segui-lo, sem ser vista.
O jovem, porém, estando perdido no caminho, perguntou: "Tem alguém aqui?"
Ao que obteve apenas a resposta: "Aqui, aqui, aqui…".
Narciso intimou a quem respondia para sair do esconderijo. Eco apareceu-lhe e, como não podia falar, usou as mãos para em gestos dizer do grande amor que lhe devotava. Narciso, chateado com a quantidade de pessoas a amarem-no, rejeitou também à bela ninfa.
A pobre Eco, tomada de desgosto, rezou para que Afrodite lhe tirasse a vida. A deusa, entretanto, tanto gostou daquela voz, que deixou-a viver.
Segundo a narrativa de Ovídio, um rapaz apaixonou-se depois por Narciso e, desprezado, orou aos deuses por vingança, sendo atendido por Nêmesiss - a deusa que arruína os orgulhosos - que decidiu fazer com que o belo moço sofresse daquele mesmo desprezo com que aos outros tratava: vê-lo cair de amores por seu próprio reflexo. Sem poder jamais ser correspondido pela imagem, morre de desgosto, indo para o País de Hades, a terra dos criminosos, onde passa a eternidade atormentado pela visão do próprio reflexo nas águas do rio Estige.


Eco e Narciso

Eco era uma bela ninfa, amante dos bosques e dos montes, onde se dedicava a distrações campestres. Era favorita de Diana e acompanhava-a em suas caçadas. Tinha um defeito, porém: falava demais e, em qualquer conversa ou discussão sempre queria dizer a última palavra.
Certo dia, Juno saiu à procura do marido, de quem desconfiava, com razão, que estivesse se divertindo entre as ninfas. Eco, com sua conversa, conseguiu entreter a deusa, até as ninfas fugirem. Percebendo isso, Juno a condenou com essas palavras:
– Só conservarás o uso dessa língua com que me iludiste para uma coisa de que gostas tanto: responder. Continuarás a dizer a última palavra, mas não poderás falar em primeiro lugar.
A ninfa viu Narciso, um belo jovem, que perseguia a caça na montanha. Apaixonou-se por ele e seguiu-lhe os passos. Quanto desejava dirigir-lhe a palavra, dizer-lhe frases gentis e conquistar-lhe o afeto! Isso estava fora de seu poder, contudo. Esperou, com impaciência, que ele falasse primeiro, a fim de que pudesse responder. Certo dia, o jovem, tendo se separado dos companheiros, gritou bem alto:
– Há alguém aqui?
– Aqui - respondeu Eco
– Vem!
– Vem! - respondeu Eco
– Por que foges de mim? ­- perguntou Narciso.
Eco respondeu com a mesma pergunta.
– Vamos nos juntar – disse o jovem.
A donzela repetiu, com todo o ardor, as mesmas palavras e correu para junto de Narciso, pronta para se lançar em seus braços.
– Afasta-te! – exclamou o jovem recuando – Prefiro morrer a te deixar possuir-me.
– Possuir-me – disse Eco.
Mas tudo foi em vão. Narciso fugiu e ela foi esconder sua vergonha no recesso dos bosques. Daquele dia em diante, passou a viver nas cavernas e entre os rochedos das montanhas. De pesar, o seu corpo definhou até que as carnes desapareceram inteiramente. Os ossos transformaram-se em rochedos e nada mais dela restou além da bela voz. E, assim, ela ainda continua disposta a responder a quem quer que a chame e conserva o hábito de dizer a última palavra.
A crueldade de Narciso nesse caso não constituiu uma exceção. Ele desprezou todas as ninfas, como havia desprezado a pobre Eco. Certo dia, uma donzela que tentara em vão atraí-lo implorou aos deuses que ele viesse algum dia a saber o que é o amor e não ser correspondido. A deusa da vingança ouviu a prece e atendeu-a.
Havia uma fonte clara, cuja água parecia de prata, à qual os pastores jamais levavam rebanhos, nem as cabras monteses freqüentavam, nem qualquer um dos animais da floresta. Também não era a água enfeada por folhas ou galhos caídos das árvores; a relva crescia viçosa em torno dela, e os rochedos a abrigavam do sol. Ali chegou um dia Narciso, fatigado da caça e sentindo muito calor e muita sede. Debruçou-se para desalterar-se, viu a própria imagem refletida na fonte e pensou que fosse algum belo espírito das águas que ali vivesse. Ficou olhando com admiração para os olhos brilhantes, para os cabelos anelados como os de Baco ou de Apolo, o rosto oval, o pescoço de marfim, os lábios entreabertos e o aspecto saudável e animado do conjunto. Apaixonou-se por si mesmo. Baixou os lábios, para dar um beijo e mergulhou os braços na água para abraçar a bela imagem. Esta fugiu do contato, mas voltou um momento depois, renovando a fascinação. Narciso não pôde mais conter-se. Esqueceu-se de todo da idéia de alimento ou repouso, enquanto se debruçava sobre a fonte, para contemplar a própria imagem.
– Por que me desprezas, belo ser? – perguntou ao suposto espírito – Meu rosto não pode causar-te repugnância. As ninfas me amam e tu mesmo não pareces olhar-me com indiferença. Quando estendo os braços, fazes o mesmo, e sorris quanto te sorrio, e respondes com acenos aos meus acenos.
Suas lágrimas caíram na água, turbando a imagem. E, ao vê-la partir, Narciso exclamou:
– Fica, peço-te! Deixa-me, pelo menos, olhar-te, já que não posso tocar-te.
Com estas palavras, e muitas outras semelhantes, atiçava a chama que o consumia, e, assim, pouco a pouco, foi perdendo as cores, o vigor e a beleza, que antes tanto encantara a ninfa Eco. Esta se mantinha perto dele, contudo, e, quando Narciso gritava: “Ai, ai”, ela respondia com as mesmas palavras. O jovem, depauperado, morreu. E, quando sua sombra atravessou o rio Estige, debruçou-se sobre o barco, para avistar-se na água.
As ninfas o choraram, especialmente as ninfas da água. E, quando esmurravam o peito, Eco fazia o mesmo. Prepararam uma pira funerária, e teriam cremado o corpo, se o tivessem encontrado; em seu lugar, porém, só foi achada uma flor, roxa, rodeada de folhas brancas que tem o nome e conserva a memória de Narciso. 


Livro de Ouro da Mitologia, História de Deuses e Heróis,
Thomas Bulfinch, Ediouro, 2001. P. 124 e seguintes


Ninfas

Ninfa deriva do grego nimphe, que significa "noiva", "velado", "botão de rosa", dentre muitos outros significados. As ninfas são espíritos, habitantes dos lagos e riachos, bosques, florestas, prados e montanhas.
São frequentemente associadas a deuses e deusas maiores, como a caçadora Ártemis, ao aspecto profético de Apolo, ao deus das árvores e da lucura de Dionísio, ao aspecto pastoreador de Hermes.
Uma classe especial de ninfas, as Melíades, foram citadas por Homero como as mais ancestrais das ninfas. Enquanto as demais ninfas são normalmente filhas de Zeus, as Melíades descendem de Uranus.
Apesar de serem consideradas divindades menores, espíritos da mentruação, as ninfas são divindades às quais todo o mundo Helénico prestava grande devoção e homenagem, e mesmo temor. Não podemos esquecer que,de acordo com a mitologia grega, Hérmia era a rainha das fadas e ninfas.



Fontes: Wikipédia, Livro de Ouro da Mitologia, História de Deuses e Heróis,
Thomas Bulfinch, Ediouro.
 

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