Até que ponto o abandono e o desprezo podem ser considerados tratamento para recuperação de alcoólatras? Morreu mais um "pingaiada" de nossa cidade (pelo menos era assim taxado por muitos, o finado Dega). O alcoolismo há tempos vem sendo tratado clinicamente em todo o mundo, é um tratamento delicado e trabalhoso, difícil pois, envolve também a família do dependente, que muitas vezes já estão cansados das vergonhas causadas pelas mazelas da dependencia. Mas e o sistema? Por que sempre se esquivaram do caso? O Dega, por incontáveis vezes o vi sendo levado para casa (Eu mesmo o levei umas tres vezes) quando estava bêbado com a promessa: "assim que você tomar banho e se arrumar te levamos pra internar", pois, era só isso que no ápice de sua embriagues era desejado. Um tratamento, uma forma de se ver livre de algo que estava lhe fazendo muito mal, Eu, na época, cá com meus botões imaginava porque. Eu, ficava me perguntando, por que quando estava no seu estado de embriagues, deseja ser internado? Assim como também pensava, porque que ninguém faz nada para ajuda-lo? Uma das respostas Eu acabei encontrando no dia em que o Dega morreu, fui na companhia do investigador Cristiano para ajuda-lo ver o que estava acontecendo, havia na residência um cachorro, que se provou ser o unico realmente preocupado com o falecido. Gente a situação na qual vivia o Dega era chocante, e qualquer ser humano posto naquelas sircunstâncias com certeza teria todos os instrumento para se perder no alcolismo, Eu nunca havia visto e nem se quer imaginava que na minha cidade existia alguém que vivia naquelas condições. Isso serviu para que eu voltasse a me questionar, porque ninguém nunca fez nada para ajuda-lo. Quase todos os dias me deparo com "pessoas do bem", se vendendo em um desenho pintado com todas as cores da hipocrisia, usando até em alguns momentos de instituições "sérias", pessoas que em sua maioria estão com a faca, a colher, o garfo, o prato, o queijo, a goaibada, a bolacha..., enfim, tem tudo, más é unica e exclusivamente para o uso próprio ou de seus entes queridos, ajudar mesmo os necessitados que é bom nada. E o Deca se foi, daqui a pouco cai no esquecimento, e agora já não da pra fazer mais nada mesmo, e que triste, resta pra alguns a consciência, se é que tem. Vou continuar me perguntando por que ningué fez nada quando ainda havia tempo, na esperança que façam por outros alcoótras para que não seja tarde o amanhã.
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